Caso Lula no STF: nem vitória nem derrota

Muito se falou sobre o resultado do julgamento no STF pela admissão do habeas corpus de Lula. Muito se falou, mas pouco se entendeu. Muitos, entusiasmados, procuraram apresentar a decisão dos ministros como uma vitória, como se Lula estivesse definitivamente livre de ser preso. Algum olhar mais pessimista diria que tudo aquilo não passou de um circo para disfarçar as reais intenções do STF de colocar o ex-presidente na cadeia.

A primeira tese, defendida por grande parte da esquerda é simplesmente ingênua. A segunda tese, embora esteja mais próxima da realidade, também não dá conta de todo o problema.

É fato que o julgamento da última quinta-feira, dia 22, representou somente um adiamento da possibilidade de prender Lula. O que foi julgado ali é se o habeas corpus tem ou não admissibilidade, uma vez decidido que sim, os ministros decidiram que Lula só poderá ser preso após o julgamento do pedido de habeas corpus em si. Como fica fácil de ver, é um fôlego, nada mais que isso.

Lula poderia ter sido preso já a partir desse dia 26, quando saiu o resultado do recurso no TRF4. O deferimento do habeas corpus dado pelo STF prorrogou a possibilidade de prisão. O ex-presidente só pode ir para a cadeia a partir do dia 4, dependendo se os ministros do STF concederão ou não o habeas corpus. Se houve alguma vitória ela é apenas o fato de que a prisão foi prorrogada do dia 26 para o dia 4.

Acreditar que essa mera manobra dos juízes significa que Lula está livre da prisão é uma ingenuidade sem tamanho. A única força capaz de fazer os ministros golpistas mudarem de ideia é caso eles sintam que a situação irá fugir do controle. Em grande medida, o que fez a direita não ter prendido Lula ainda é justamente o medo de uma mobilização. Mas será preciso muito mais para garantir que os 11 golpistas do STF deixem Lula solto.

É preciso aproveitar o fôlego para fazer crescer a mobilização contra a prisão de Lula.