Candidato “esquerdista” do México nem foi eleito e já cedeu aos banqueiros

Neste domingo (1º/7) serão realizadas no México as maiores eleições presidenciais já vistas na história do país, em termos de candidatos e cargos a serem eleitos, mas também de número de eleitores. Tradicionalmente, o regime político mexicano é extremamente ditatorial, como é típico dos países onde a influência do imperialismo norte-americano é muito forte. O país é governado quase exclusivamente pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), além de rachas como o Partido da Ação Nacional (PAN), um partido mais abertamente direitista, ligado a uma ala mais reacionária da burguesia mexicana.

As eleições estão sendo marcadas pela profunda crise que vive o atual governo de Enrique Peña Nieto (PRI), que está em uma situação parecida com a de Michel Temer no Brasil, e cujo o candidato aparece apenas em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.

Como não podia deixar de ser, diante das condições criadas pelo aumento de violência causado pela campanha repressiva do imperialismo (com as Forças Armadas Mexicanas) contra as drogas no país, as eleições estão marcadas pela violência e os assassinatos políticos. Centenas de pessoas foram assassinadas por causa das eleições, dentre as quais 48 eram candidatos. Isso revela o grau de crise que se encontra o país.

Desta forma, com a burguesia em uma profunda crise, a ditadura tradicional do PAN e do PRI está, em certa medida, ameaçada. E é isso que explica por que um candidato supostamente de esquerda esteja sendo aquele que lidera nas pesquisas de intenção de voto para presidente.

André Manuel López Obrador (AMLO), com mais de 49% das intenções de votos, apesar da aparência esquerdista que os capitalistas estão tentando lhe dar, é um típico político burguês. Um profissional acostumado a se esconder por detrás de diversas máscaras, por meio da demagogia, para arrancar votos de um determinado setor, ao estilo de Ciro Gomes no Brasil.

Durante a campanha eleitoral, AMLO vem feito diversas promessas eleitorais no sentido de políticas nacionalistas e de desenvolvimento de programas sociais. Entretanto, trata-se também de um personagem que, sem base social na classe trabalhadora, vem procurando assegurar que não será uma ameaça ao mercado, isto é, aos grandes capitalistas, vampiros especuladores, dentre os quais diversos estão por detrás de sua campanha.

Desta forma, fica muito claro que suas promessas eleitorais e seu “projeto de país” que vem anunciando não passam de demagogia oportunista. Primeiro pois muito provavelmente, se o imperialismo não conseguir vencer por meio de fraude eleitoral (como geralmente fazem) para colocar o PRI no poder, será necessário para manter o poder político e ter uma outra carta na manga. Esta carta é justamente o AMLO, um candidato supostamente esquerdista que estaria aí em oposição a atual política dos candidatos direitistas.

A segunda razão que demonstra porque não passa de demagogia é pura e simplesmente o fato de que ele e seu partido (Morena) não possuem uma base social dentro da classe trabalhadora, e portanto a única coisa que os sustentam é a débil burguesia mexicana, extremamente comprometida com os interesses do imperialismo norte-americano. E já ficou muito claro com o Syriza, na Grécia, que promessas eleitorais e votos em eleição não representam um poder real, e estes setores acabam cedendo diante da pressão política da direita.

E a terceira questão seria a de que AMLO já vem dando indícios para os capitalistas de que seu governo não comprometerá seus lucros e sua política de terra arrasada e de fome que vem sendo feita no México. Imagine-se durante o mandato… Portanto, pode-se dizer que a tendência política no país é apenas o aprofundamento da crise do regime.