Boulos presidente: PSOL contratou candidato para temporada

No futebol, principalmente no futebol moderno é comum a contratação de jogadores só para uma temporada, depois o jogador vai jogar em outro clube, troca-se o verde do palmeiras, pelo vermelho do flamengo e fica tudo por isso mesmo. Muitos amantes do futebol desgostam deste tipo de atividade, acham que é falta de caráter do jogador e de constância do clube, na política é assim também, mas pior, é um dos sinais claros de uma política oportunista.

Guilherme Boulos lançou sua pré-candidatura à presidência neste sábado (3), e sua filiação na segunda-feira (5), diz o jornal golpista O Estado de S. Paulo, o lançamento é como a apresentação do jogador no uniforme do clube às vésperas da assinatura do contrato. O PSOL tem conferência eleitoral no dia 10, pode-se dizer que é aí que começa a temporada, filiado na segunda-feira, escalado para jogar no sábado.

O PSOL saiu de dentro do PT. Desde então se apresentam como uma esquerda ideológica, contrária aos acordos espúrios da frente popular, às alianças, a tudo que ficou marcado como o pior que existia no governo do PT, mas seu curto histórico de ações, contradizem esta ideia.

A primeira candidatura presidencial do PSOL foi a de Heloísa Helena, em 2006. Helena não poderia ser classificada como “socialista” por nenhum critério razoável, nem como a favor da “liberdade”, nem como sendo efetivamente uma figura representativa de um partido de esquerda.

Seu programa eleitoral foi imposto, aos partidos da dita frente de esquerda (PSOL, PSTU e PCB), sua política para as mulheres é o inverso do que pregam todas as correntes do PSOL, ela fez campanha contra o aborto e o obscurantismo chega ao ponto de ter sido contra pesquisa de células tronco.

Após a eleição de 2006, o PSOL recebeu uma quantia razoável de votos, com uma graciosa cobertura da imprensa burguesa, afinal o partido atacava principalmente o PT, não a política da direita. Depois disso Heloísa foi se apagando, sumiu dos holofotes, até se juntar à Rede de Marina Silva, sem mea culpa, ou nada, simplesmente foi jogar num clube que ela achava mais bem colocado.

Em 2014 o espetáculo ia se repetir, nas primeiras semanas da campanha presidencial o candidato, não era Luciana Genro, mas Randolfe Rodrigues, relembrar é viver. Randolfe é senador amapaense, da REDE, na época estava no PSOL, também não era socialista, vagamente de esquerda, chegou a flertar com a política de privatizações, de direita, escondido na bandeira amarela do partido, depois, quando o time de Marina Silva, a Rede Sustentabilidade, estava mais estruturado, ele também juntou-se ao elenco.

O último e curioso destes casos foi a candidatura à prefeitura de Luiza Erundina, recém saída do PSB, já havia esfaqueado o PT pelas costas ao entrar no governo de Itamar, ela entrou em 2016, saiu candidata no mesmo ano, mas, de maneira um pouco mais honesta, declarando que queria abrir seu próprio clube, o partido “Raiz Cidadanista”, um espécie de racha da REDE. Que parece não ter dado muito certo.

Boulos cumpre o mesmo papel que todas essas candidaturas emprestadas cumpriram, não vencerá, mas com a ajuda da Globo, tirará uma saudável quantia de votos (do PT) para o PSOL, e o partido poderá continuar “revelando” jogadores para clubes maiores.