Ativistas terminam greve de fome denunciando ditadura do judiciário e violação da Constituição

Neste sábado, dia 25 de agosto, após 26 dias, foi encerrada a greve de fome em defesa de Lula e contra o Golpe de Estado realizada em Brasília. Os sete militantes que, apesar de todas as inúmeras dificuldades, resistiram durante quase um mês em greve de fome encerarram sua manifestação já bastante debilitados e publicaram um manifesto onde expressam suas ideias sobre a situação política atual e o resultado de sua ação.

A greve de fome se posicionou em primeiro lugar em defesa de Lula, mas também denunciou veementemente a série de Golpes aplicados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o povo brasileiro e os movimentos populares. Como afirma o documento divulgado hoje pelos grevistas o objetivo da greve foi o de “contribuir na luta pelo enfrentamento ao golpe que sob o contexto de crise profunda do capital, amplia os processos de exploração do trabalho e dos nossos bens naturais, causando aumento da desigualdade, da fome, da miséria, do desemprego e da violência social. A greve de fome luta por soberania popular, pelo controle de nossos bens estratégicos do petróleo e da energia, pelo direito do povo de participar do poder e decidir os rumos do país. Por isso lutamos pela libertação do presidente Lula, que está encarcerado desde o dia 7 de abril, sem crime e sem prova. Portanto, Lula é inocente e sua prisão tem caráter político.”.

Os grevistas também foram categóricos ao afirmar que o que vem sendo implementado no Brasil é uma “ditadura do judiciário”, um verdadeiro regime de exceção no qual a Constituição Federal é sucessivamente rasgada em nome dos interesses da burguesia e do imperialismo. Apesar do extremo desgaste, os manifestantes acreditam que o saldo de sua manifestação foi positivo, visto que suas ações e seus posicionamentos foram amplamente divulgados pelos jornais de esquerda e atingiram muitos militantes.

Além de se posicionar sobre a situação os grevistas também apontam o que acreditam ser o caminho para derrotar o Golpe e para libertar luta, que pode ser sintetizado nas tarefas de “trabalho de base, formação política e retomada das lutas da massa”. O documento foi assinado pelos 7 militantes que se encontravam em greve, sendo eles: Jaime Amorim, Zonália Santos, Rafaela Alves, Frei Sergio Gorgen, Luiz Gonzaga Silva – Gegê, Vilmar Pacífico e Leonardo Nunes Soares.

A principal questão que deve ser levada em consideração e como objetivo de luta é organizar cada vez mais a mobilização popular revolucionária contra o Golpe, colocando amplas massas populares nas ruas e colocando em cheque a politica da burguesia. Para isso devemos denunciar permanentemente a ditadura do judiciário e disputar nas ruas os rumos da política nacional.

Abaixo reproduzimos na íntegra o documento divulgado pelos grevistas:

“Manifesto da greve de fome por justiça no STF à militância popular e ao povo brasileiro

No dia 31 de julho, iniciamos a Greve de Fome por Justiça no STF – Supremo Tribunal Federal, com um manifesto à sociedade que foi protocolado no próprio STF, num ato político que resultou em repressão absurda e descabida aos militantes grevistas. Mas não conseguiram calar as nossas vozes: resistimos e ainda mais fortes e indignados, deflagramos o processo da greve de fome.

Nosso objetivo com a greve é contribuir na luta pelo enfrentamento ao golpe que sob o contexto de crise profunda do capital, amplia os processos de exploração do trabalho e dos nossos bens naturais, causando aumento da desigualdade, da fome, da miséria, do desemprego e da violência social. A greve de fome luta por soberania popular, pelo controle de nossos bens estratégicos do petróleo e da energia, pelo direito do povo de participar do poder e decidir os rumos do país. Por isso lutamos pela libertação do presidente Lula, que está encarcerado desde o dia 7 de abril, sem crime e sem prova. Portanto, Lula é inocente e sua prisão tem caráter político.

Denunciamos com a greve de fome a ditadura do judiciário, principalmente do STF que de forma arbitrária tomou o lugar do povo, rasgando a Constituição brasileira e fragilizando ainda mais a democracia, construída na dura disputa da luta de classes.

Sabemos que a greve de fome é um ato extremo, mas o praticamos de forma consciente, inspirados na revolucionária resistência ativa, historicamente forjada pelos povos que não baixaram a cabeça diante das elites dominantes.

E após 26 dias de Greve de Fome, decidimos por sua suspensão, por entender que ela cumpriu com seu sentido provocador dos objetivos que propusemos desde o início desta ação política. Nos sentimos vitoriosos, pois assim se sentem os povos que lutam e tivemos acúmulos importantes para o conjunto da luta popular.

Conhecemos melhor quem são os chamados operadores do direito, ministros e asseclas do poder judiciário. Vimos como se movem por um teatro fantasioso, guiados pela mídia burguesa, com pouca sensibilidade pelo povo, e nenhum respeito pela constituição. Como opera o governo dos golpistas, seus interesses explícitos de estar a serviço do capital estrangeiro, das empresas transnacionais, dos bancos e do seu próprio bolso.

Conhecemos melhor como funciona a mídia burguesa, mentirosa, que se pauta apenas pelos interesses de seus patrões e da manutenção do poder aos privilegiados. Como age o poder legislativo, peça fundamental do golpe e seu total distanciamento dos problemas reais do povo.

Nestes 26 dias de greve, ocupamos o STF com nossos atos políticos e inter-religiosos, através de audiências com diversos ministros, pautando a necessidade de votar as ADCs – Ações Declaratórias de Constitucionalidade, assegurando a presunção de inocência.

Denunciamos o não cumprimento da Resolução da Comissão de Direitos Humanos da ONU pelo Brasil, que determina o direito de Lula ser candidato nas eleições de 2018.

Seguimos firmes na luta e dispostos a contribuir com as tarefas históricas e os desafios que estão colocados para os movimentos e organizações do campo popular. Lutaremos de forma incansável pelo respeito à justiça, garantindo Lula Livre e pelo seu direito de disputar as eleições. Pela construção soberana de um Projeto Popular para o Brasil.

Nossas principais tarefas políticas são trabalho de base, formação política e retomada das lutas da massa. Precisamos ouvir o povo, estar inserido na sua luta cotidiana de resistência e provocar processos de lutas contundentes. As formas de trabalho de base são variadas, e devem envolver as visitas nas casas, as reuniões de pequenos grupos, assembleias populares, a construção dos Congressos do Povo e da Frente Brasil Popular.

Devemos travar a batalha das ideias na disputa da comunicação popular, enfrentando o poder ideológico da grande mídia.

Teremos ainda muitas batalhas coletivas pela frente, mas temos a certeza que “se calarmos, as pedras gritarão!”. Nosso desafio é que a luta atual se transforme em força social capaz de virar o mundo e destruir privilégios. Não pagaremos a conta do fracasso desse modelo de sociedade. Por isso a luta vale a pena e a vida vale a luta! Essa luta é nossa! Essa luta é do povo!!

Brasília, 25 de agosto de 2018.

Jaime Amorim, Zonália Santos, Rafaela Alves, Frei Sergio Gorgen, Luiz Gonzaga Silva – Gegê, Vilmar Pacífico e Leonardo Nunes Soares.”