Ataques fascistas: padre de Pacaraima denuncia que expulsão de venezuelanos foi planejada

Da redação – Nesta semana, após os violentos acontecimentos em Pacaraima no último sábado, dia 18 de agosto, o Padre Jesús López de Bobadilla denunciou a ação de grupos organizados responsáveis por incitar o terror na região. Segundo Bobadilla, “forças políticas tenebrosas exacerbam com discursos de ódio as tensões migratórias no Brasil, antes das complicadas eleições de 2018”.

No sábado a cidade de Pacaraima, localizada ao norte do estado de Roraima, presenciou atos de extrema violência praticados por brasileiros contra os imigrantes venezuelanos alojados na região. A imprensa burguesa fez questão de argumentar que as manifestações de caráter fascista teriam sido espontâneas, quando na verdade a ação foi planejada com antecedência inclusive com a conivência dos aparatos de repressão militar presentes na região. Ainda de acordo com Jesús Lópes Bobadilla “o episódio desses dias foi planejado, não foi uma ação espontânea. Não tenho a menor dúvida. Existem forças políticas tenebrosas que se empenham em passar por cima das dificuldades do povo e aproveitar a xenofobia, que a cada dia é mais forte, como elemento válido para as eleições”.

O padre não quis fazer referência direta a nenhuma organização nem a nenhuma instituição, mas deixou claro que o que ocorre na região é um fortalecimento artificial de grupos direitistas apoiados por partidos de direita e outras organizações. Sem dúvida, os organizadores dessas ações são os mesmos que impulsionaram a direita fascista para concretizar o golpe de Estado que destituiu ilegalmente a presidenta Dilma Rousseff em 2016. Agora, estes grupos intensificam sua atuação nas ruas intimidando a população da periferia e todos que estiverem em situação de vulnerabilidade, como é o caso dos imigrantes venezuelanos.

A extrema violência com que ocorreram as ações em Pacaraima no sábado não condizem, de forma alguma, com os interesses da população local e não resolvem o problema da pobreza que só cresce na região e de forma geral no país inteiro. Isso revela o caráter extremamente artificial dessas manifestações que ocorrem em meio a um dos processos eleitorais mais turbulentos e polarizados das ultimas décadas. Nas palavras do próprio padre,“o Brasil está em uma situação política, econômica e social muito delicada, às vésperas de eleições, e tudo é aproveitado”. Segundo dados não oficias aproximadamente 1.000 cidadãos venezuelanos teriam sido expulsos de seus alojamentos em Pacaraima e tiveram seus pertences queimados. De acordo com as testemunhas os venezuelanos foram ameaçados com paus e facas enquanto eram obrigados a se dirigirem em direção à fronteira entre Brasil e Venezuela.

O padre Jesús López é espanhol, tem 77 anos e há mais de nove mora em Pacaraima onde realiza trabalho semanal junto a centenas de imigrantes. Jesús mandou ainda um recado para os responsáveis pelos atos violentos, afirmando que é preciso “pedir aos políticos responsáveis que, por favor, parem. Tudo isso está muito manipulado. São muito irresponsáveis com seus discursos inflamados de ódio”.

O avanço do golpe de Estado é extremamente perigoso para a população pobre e para o conjunto da classe trabalhadora no Brasil, o que coloca como prioridade a organização de comitês de autodefesa nos bairros operários e nas regiões pobres que sejam capazes de se opor ao avanço da direita fascista e sua política de terrorismo. A segurança da classe operária depende da organização e da capacidade de fazer uma oposição permanente ao golpe e aos golpistas.