Artista perseguido pela extrema-direita durante a ditadura tem exposição em São Paulo

O retrato com a frase de Che Guevara está logo na entrada da exposição Emblema da Cultura Brasileira – Retrospectiva da Obra Gráfica de Claudio Tozzi, na Caixa Cultural São Paulo. Criado em serigrafia, esse mesmo retrato foi reproduzido e colado, pelo próprio artista, nos muros da cidade nas manifestações de 1968.

“Cinquenta anos depois, o mesmo retrato de Che está de frente para a Praça da Sé”, conta Claudio Tozzi, hoje professor da FAU. “Esse lugar tem um significado social, político, cultural muito importante. Daí a razão de essa exposição estar aqui no Centro com obras que acompanham a história dessas décadas.”

Mestre em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Em suas primeiras obras, o artista revela a influência da arte pop, pelo uso de imagens retiradas dos meios de comunicação de massa, como na série de pinturas Bandido da Luz Vermelha (1967), na qual remete à linguagem das histórias em quadrinhos.

A exposição Emblemas da Cultura Brasileira resultou da pesquisa do crítico de arte Manuel Neves, realizada na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. Que considera o trabalho de Tozzi fundamental na cena contemporânea brasileira. Sua obra, como a dos artistas mais importantes de sua geração, articula uma mudança radical no estatuto da imagem artística, tomando e reprogramando os modelos visuais projetados pelos meios de comunicação e a indústria do espetáculo, para produzir uma obra figurativa, chamada genericamente de pop art.”

A exposição Emblema da Cultura Brasileira está na Caixa Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111, Centro, em São Paulo). Pode ser vista até 20 de maio, de terça-feira a domingo, das 9 às 19 horas. A entrada é franca e livre para todas as idades.