Arábia Saudita ou BH? Vereador fanático quer censurar e proibir até peça de teatro

vereador e líder da bancada cristã da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Jair di Gregório (PP), está indignado com o anúncio da peça “Biba”, da Companhia Toda Deseo, que vai estrear no primeiro semestre do ano que vem, celebrando os cinco anos da trupe mineira. A temática da peça tem a intenção de discutir nas escolas preconceitos e violência contra a comunidade LGBT.

O parlamentar, que, em fevereiro de 2017, já foi acusado de ter atitude homofóbica quando chamou o colega da Câmara Gilson Reis (PCdoB) de “mariquinha”, mostrou-se especialmente revoltado com o fato de que a Toda Deseo planeja realizar apresentações da peça nas escolas da capital mineira.

Em seu perfil no Facebook, di Gregório escreveu que “nós não somos a favor de violência contra ninguém, nem LGBT. O que nós não somos a favor é de quererem instituir a ideologia de gênero, vir agredir a nossa fé cristã”.

Em 2017, junto com o deputado estadual João Leite (PSDB), o vereador organizou manifestações com grupos evangélicos para suspender a exposição “Faça você mesmo sua Capela Sistina”, do artista Pedro Moraleida, exposta na Galeria Alberto da Veiga Guignard, do Palácio das Artes, e também a peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, na qual Cristo era interpretado por uma travesti. Os dois eventos tiveram boa recepção do público de BH.

A programação da peça “Biba”, foi recentemente aprovada pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura e é o terceiro espetáculo da Trilogia da desconstrução, da Toda Deseo que faz críticas às instituições que barram os direitos LGBT. Dirigida por Raquel Castro, o primeiro espetáculo da série – “Nossa senhora do Horto” – estreou em agosto de 2016 e aborda questões de opressão familiar. “Glória”, com estreia prevista para novembro deste ano, trata das hostilidade sofrida por gays, lésbicas e trans nas igrejas.

Rafael Bacelar, ator e um dos fundadores do grupo teatral, diz que a ideia de levar a montagem às escolas de Belo Horizonte acontece em “um momento muito importante, em que as bancadas conservadoras do Congresso barram todo tipo de de discussão sobre gênero e sexualidade nas instituições de ensino. O que nós queremos, portanto, é desenvolver uma estratégia de combate ao preconceito que envolva educadores, pais, meninos e meninas. Tudo isso de forma lúdica”

Este é mais um episódio de censura à arte que vem se aprofundando desde o golpe de estado em 2016. A extrema-direita fascista vem sistematicamente impondo uma política repressiva que deve ser combatida energicamente.