Análise Política da Semana: o risco militar no Brasil e na Venezuela

O programa semanal da Causa Operária TV, Análise Política da Semana, do último sábado, 17 de fevereiro, tratou sobre os perigos da intervenção militar no Brasil e na Venezuela. Ambos os países estão com ameaças militares, o nosso país com a Intervenção Militar do segundo Estado mais importante e a Venezuela estando cercada por tropas de todos os seus países vizinhos e a Marinha dos Estados Unidos.

Reveja a Análise Política no link a seguir:

Venezuela

A Intervenção na Venezuela tem tudo a ver com o golpe no Brasil, o golpe aqui é parte de toda uma estratégia política do imperialismo na América Latina e no mundo. Logicamente que a Venezuela é um dos pontos sensíveis da luta política que se desenvolve contra o imperialismo.

Se o governo da Venezuela for derrubado pelo imperialismo, vai enfraquecer ainda mais as forças políticas que estão lutando contra o golpe em toda a América Latina. Daí a necessidade de uma denúncia contra um ataque feito a Venezuela, pois isso está nos planos dos Estados Unidos há muito tempo, podendo uma invasão ser realizada a qualquer momento. O nível de tensão entre os países aumentou muito.

A hipocrisia da direita com relação ao tratamento dado ao regime bolivariano é imensa, se a ditadura é na Venezuela, os assassinatos e perseguições contra os membros da classe operária ocorrem na Colômbia. Na semana anterior, dois dirigentes da antiga FARC, que agora é um partido legal, foram mortos. Existe um verdadeiro genocídio em marcha.

A esquerda que denuncia o governo Maduro não denuncia o governo colombiano como genocida, tais setores de esquerda pequeno-burguesa atuam como papagaios da direita, pois reproduzem os ataques feitos pelo imperialismo. Enquanto isso, na Colômbia as mortes passam a casa das centenas nos últimos meses, mesmo assim não se vê uma campanha contra isso. Chegamos em um ponto em que os setores de esquerda contrário a Maduro entraram em uma frente ampla com o Imperialismo para a invasão da Venezuela.

Brasil

O acontecimento principal da semana é a Intervenção Militar no Rio de Janeiro, as Forças Armadas assumiram o controle do Estado. O que temos é um governo militar branco, ou seja, um governo controlado pelos militares, que têm em suas mãos o aparato repressivo, o centro de todo o regime capitalista.

Desde 1988, as Forças Armadas não adquiriam tal poder dentro do Estado, sendo este fato da maior gravidade política. Se somarmos todos os elementos da situação política no país, veremos que o que está ocorrendo é parte de um plano estratégico de controle dos militares da situação política nacional.

O Rio de Janeiro é cabeça de ponto no controle do poder para os militares, pois este Estado é mais vulnerável por seus problemas, como a segurança pública. Ocupar militarmente uma capital como o Rio de Janeiro coloca as Forças Armadas a um passo de um golpe militar.

O que chama a atenção a todos os pronunciamentos das forças políticas é que todos atribuem a Intervenção a alguma bobagem como Temer ter colocado o Exército para disfarçar que não existem votos para a Reforma da Previdência. Mas disfarçar para quem, se todos sabem que esta votação está emperrada e é de conhecimento público. Assim, uma manobra tão arriscada e alarmante como uma Intervenção para dissimular a falta de coesão para a Reforma da Previdência não é muito desproporcional, já que o custo desta manobra é alto, tanto político quanto financeiro.

Há outras bobagens, como a de que Temer quer recuperar sua popularidade com a Intervenção. A popularidade de Temer é tão pequena que seria necessário um milagre, não fazendo sentido algum. A esquerda brasileira, se saindo com todas estas interpretações estapafúrdias, mostra que tem miopia política. Uma operação da magnitude de uma Intervenção é feita com um objetivo estratégico e político muito claro e faz parte das declarações das Forças Armadas em ampliar sua presença dentro da política nacional.

Várias foram as ações do Exército no ano passado, desde a ocupação de locais como a Rocinha até um conjunto de operações especiais de Garantia de Lei e Ordem (GLO), que mostram a sucessiva incursão dos militares na política nacional.

Até o atual momento, a direita não conseguiu montar um esquema eleitoral sólido, estamos entrando em março e ainda não há nenhuma certeza sobre as eleições. A questão Lula ainda não foi resolvida, sendo que a prisão de Lula ainda está em aberto perante a repercussão que pode causar. Neste sentido, a Intervenção Militar no Rio de Janeiro é o primeiro passo no sentido de uma Intervenção mais geral que pode se desenvolver para uma Ditadura Militar no país.