Alto-comissário da ONU demonstra preocupação com intervenção militar

O golpe de Estado no Brasil, de maneira mais contundente no Rio de Janeiro, vem sendo tão ofensivo que já preocupa as autoridades das Organizações das Nações Unidas (ONU). O alto-comissário da ONU, Zeid Ra’ad Al Hussein, demonstrou preocupação na forma como o Exército vem agindo na capital fluminense.

A intervenção militar, oficializada por Temer no último 16 de fevereiro, nomeou como interventor o general Walter Souza Braga Netto, e instituiu o Comando Militar do Leste como o responsável pela segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Desde então, é percebido pela imprensa nacional e internacional, as arbitrariedades do Exército contra a população periférica nos morros invadidos pelas forças militares.

No entanto, o que despertou a atenção e preocupação de Al Hussein, foi o pedido do general Eduardo Villas Bôas que se evite uma ˜Comissão da Verdade” no futuro para investigar a atuação do exército, ou seja, uma autorização prévia para poder passar por qualquer princípio dos direitos humanos sem chance de haver uma punição.

Dessa forma:  “As Forças Armadas não são especializadas em segurança pública ou investigação. Deploro os pedidos de altos funcionários do Exército por medidas que equivalem a uma anistia preventiva para qualquer grupo que possa cometer violações de direitos humanos”, afirma Al Hussein.

Para acompanhar especificamente a atuação do Exército no Rio de Janeiro, Al Hussein assevera a necessidade da criação de um Observatório dos Direitos Humanos. Assim, ficaria assegurado algum tipo de legitimidade e vigia para as ações militares nas periferias da cidade invadida.

Por mais que essa preocupação da ONU faça uma propaganda internacional da intervenção militar, não se pode ter ilusão alguma de que essa instituição esteja, de fato, primando pelos direitos humanos. Na atuação do Exército brasileiro no Haiti, para a contenção e esmagamento da população pobre e negra desse País, a ONU também foi mediadora e na prática ajudou essa repressão, pois por estar lá concedeu certa “legitimidade” para o massacre. Outro caso foi em Ruanda em 1994 que a ONU simplesmente assistiu o massacre de mais de um milhão de africanos.

Para colocar o poder dos golpistas abaixo é preciso a intensificação da luta pela anulação do impeachment e contra a condenação e prisão de Lula. Apenas o povo nas ruas tem a força necessária para reverter essas calamidades contra a população brasileira.