Agronegócio pode ter intoxicado mais de 200 mil trabalhadores em dez anos

A agência de jornalismo Pública realizou um estudo com base nos registros de 2007 a 2017 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde e os números são alarmantes.

Segundo o estudo aproximadamente 40 mil pessoas foram atendidas pelo SUS com suspeitas de contaminação por agrotóxicos. Mais de 26 mil casos de intoxicação foram confirmados por laudos médicos.

Desse total, 1.824 pessoas morreram em decorrência da intoxicação e 718 pessoas sofreram seqüelas graves, como insuficiência respiratória, problemas nos rins e lesões no fígado. Desses casos, 12.915 foram devido a tentativas de suicídio e a segunda maior causa de intoxicação por agrotóxicos são os acidentes de trabalho.

As intoxicações por acidente somaram mais de 7 mil casos, sendo que 62% desses casos ocorreram em ambiente de trabalho. Esses números tendem a serem muito maiores devido aos problemas para registrar essas intoxicações, já que os trabalhadores rurais vivem mais suscetíveis as condições degradantes de trabalho.

Segundo Luiz Cláudio Meirelles, que foi gerente-geral de toxicologia da Anvisa de 1999 a 2012, para cada caso reportado, 50 não sejam registrados. O pesquisador afirma se levarmos em conta essa proporção os casos de intoxicações podem chegar a 1,3 milhões de pessoas. Se pegarmos essa proporção, os casos de trabalhadores intoxicados no ambiente de trabalho pode chegar a mais de 217 mil.

O agronegócio é apresentado como moderno, mas está intimamente ligado com o que de há mais atrasado no país, como o latifúndio e condições degradantes de trabalho. Os números de intoxicações revelam esses fatos e mostram que a reforma trabalhista imposta pelos golpistas vem para agravar ainda mais essa situação.

Os trabalhadores do campo estão sendo duramente afetados pelas reformas do governo golpista. As reformas trabalhista, da previdência e da retirada de recursos do ministério do trabalho para combater o trabalho escravo está para explorar ainda mais os trabalhadores.