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A cegueira acadêmica diante do golpe e os recém convertidos ao “anti-golpismo”

A intrincada crise política que levou a derrubada do governo Dilma e em sequência um formidável ataque aos direitos sociais e democráticos do povo brasileiro tem provocado uma verdadeira avalanche de textos interpretativos sobre o que levou ao retrocesso político no pais.

Uma característica marcante dessa literatura é a quase completa falta de perspectiva histórica, isso sobretudo, por dois fatores interligados. Em primeiro lugar, a completa falta de previsibilidade da ciência política acadêmica (e das ciências humanas em geral) sobre o processo golpista que se desenrolava com desenvoltura na conjuntura política. O segundo fator, é que a intelectualidade acadêmica, inclusive a classificada de esquerda, encontra-se desvinculada de uma luta política real, preocupada com as formalidades como o “ produtivismo”, portanto, presa as rotinas burocráticas da instituição universitária. Note-se que tanto a Ciência Política tradicional quanto a esquerda acadêmica foram apanhados de surpresa pelo golpe de Estado.

A esmagadora maioria dos acadêmicos da esquerda pequeno burguesa ligados ao PSTU,PCB e ao PSOL, que simplesmente de maneira obtusa negaram o golpe de Estado, ou até mesmo apoiaram a queda do PT, com argumentos fajutos tirados de um suposto “marxismo”. O vídeo em que ex-PSTU e agora PSOL, Valério Arcary insiste na completa impossibilidade de um golpe da direita é o exemplo mais saliente da completa estupidez analítica da esquerda pequeno burguesa.

A expressão concreta dessa política foi atuação do Andes, sindicato nacional dos docentes do ensino superior, que durante todo o período de crise política, que resultou na derrubada do governo Dilma se recusou a lutar contra o golpe, nem mesmo reconhecendo que houve golpe. Além do mais, nunca podemos esquecer que inclusive a esquerda pequeno burguesa ( PSTU,PCB,PSOL) que dirigiu o Andes neste período praticamente transformou o Andes em sucursal dos golpistas,  realizando na prática uma frente única com a direita golpista para atacar o PT como inimigo preferencial.

O colapso do PSTU e da sua “central” pelo apoio dado ao golpe da direita contra Dilma, e mais recentemente na defesa da prisão do ex-presidente Lula, provocou uma verdadeira debanda das hostes morenistas, em especial no setor universitário.

Não somente os intelectuais que eram vinculados diretamente ao PSTU, mas ao conjunto da esquerda pequeno burguesa (PSOL e PCB) procuraram desesperadamente desvencilhar-se do passado recente. Na medida que foi ficando cada vez mais claro, que houve um golpe de Estado e os reais objetivos do impeachment de Dilma, ficou insustentável para essa esquerda acadêmica continuar na sua bolha esquerdista. Assim, textos abertamente golpistas foram escondidos, posts e vídeos apagados e discursos inflamados contra Temer foram proferidos.

A quase totalidade desses doutores mais recentemente mudaram o discurso e passaram inclusive a ser apresentar como “ professores anti-golpistas”, publicando inclusive post festum receitas de como o governo Dilma e o PT poderiam ter evitado o golpe.  Mais uma vez, Valério Arcary e seus seguidores são o exemplo mais característico dessa esquerda pequeno burguesa, mais poderíamos citar sem medo de errar Mauro Iassi, Virginia Fontes, Ricardo Antunes, entre outros, que tentam encobrir o que “fizeram no verão passado”.

Neste sentido, é importante salientar que se bem a oferta da disciplina sobre o golpe 2016 e o futuro da democracia foi um aspecto importante em defesa da liberdade de cátedra e contra os desmandos dos golpistas, não podemos deixar de assinalar o espetáculo no mínimo inusitado, que docentes que negaram ou apoiaram o golpe ministraram aulas sobre o tema, apresentando como eixo interpretativo que o principal responsável pelo golpe não foram os golpistas, mas o próprio PT. Isso significa que continuam com as mesmas teses anteriores, atenuadas e remodeladas pela impopularidade de negar o golpe tão evidente.

Num sentido geral, não podemos censurar ninguém por mudar de uma posição golpista para uma posição que reconhece que existe um processo golpista no pais. Além disso, como já assinalamos nesta coluna, é importante uma unidade contra os golpistas. Entretanto, um dado relevante é que essa intelectualidade não realizou um balanço efetivo das suas posições golpistas, uma vez que não reconhecem efetivamente o significado das suas posições políticas anteriores. Sem falar, que em praticamente todos os aspectos essenciais mantém uma posição dúbia em relação a luta contra o golpe, não participando de nenhuma luta concreta, mascarando sua inércia com declarações solenes ou textos abstratamente contra os golpistas. Não por acaso participam alegremente da campanha eleitoral de legitimação do golpe promovida pela candidatura da esquerda pequeno burguesa do PSOL.

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